quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Descaminhos


Me perdoa
Essa falta de tempo
Que por vezes chega a me desesperar
Esse meu desatino
Nossos descaminhos
E a vontade louca de ficar

Me perdoa
Essa falta de sonho
Que por vezes chega a me desanimar
Queria te encontrar
Nesse meu abandono
E não ter que depois... desapegar

Te queria... sem pressa, sem medo
Na loucura de um dia qualquer
Te tragar... no silêncio da noite
Nos teus braços me sentir mulher
Mas a falta de tempo é tamanha
E essa ausência de mim, te devora

Me perdoa esse jeito cigano
De partir sempre antes da hora.

sábado, 16 de agosto de 2008

Penumbra




Espere...
Não entre na desordem deste quarto,
Esparramei no chão meus sentimentos,
Estou revendo a história de cada momento.

Cuidado!
Aqui estão os ais do meu passado...
Não pise nessas dores tão antigas,
Tão velhas que já são minhas amigas.

Observe
Todas as imagens desbotadas,
São meus momentos de decepção
Lavados com o pranto de meu coração...

Descubra
Pendurada naquela parede,
Minha coleção de esperanças
Desde os velhos tempos de criança...

Confira
Aqueles momentos de incerteza,
Os medos, pesadelos, titubeios,
Coleção de meus tolos receios...

Admire...
Empilhei ali naquele canto
Todas as vitórias conquistadas,
Quando por mim fui superada!

Sorria,
Veja a coletânea de alegrias,
Meu acervo da rara beleza...
A vida não tem sido só tristezas!

Não brinque!
Aqui eu guardo meus amores...
De todos, os mais fortes sentimentos.
Tremo ao relembrar cada momento!

Não ligue...
Ali deixei a miscelânea,
Instantes... Curtos, fortes, variados,
Murais que só eu sei o significado...

Enfim...
Sente-se aqui perto de mim,
Apague a nostalgia que me inunda
e veja à meia-luz desta penumbra,
Flashes da aventura que deslumbra!


© Sylvia Cohin

sexta-feira, 8 de agosto de 2008


Eu tenho pena da Lua!
Tanta pena, coitadinha,
Quando tão branca, na rua
A vejo chorar sozinha!…

As rosas nas alamedas,
E os lilases cor da neve
Confidenciam de leve
E lembram arfar de sedas

Só a triste, coitadinha…
Tão triste na minha rua
Lá anda a chorar sozinha …

Eu chego então à janela:
E fico a olhar para a lua…
E fico a chorar com ela! …

(Florbela Espanca)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Jogada pelo Mundo


A felicidade não manda avisar
Quando vai chegar a ninguém, a ninguém

Pode vir de noite ou de dia
É sempre um motivo de alegria

Eu tenho sol, a flor e o mar
Tenho o luar e o arrebol

Tenho as mais lindas alvoradas
Tenho montanhas azuladas

Tenho a canção dos pescadores
Tenho essa vida de mil amores

Molho os meus pés
Nas águas limpas dos igarapés

Eu tenho sol, a flor e o mar
Tenho o luar e o arrebol

Tenho as mais lindas alvoradas
Tenho montanhas azuladas

Pois tendo tudo, não tenho nada
Ando jogada por esse mundo

Não tenho um bem
Nem o amor de ninguém

A felicidade não manda avisar
Quando vai chegar a ninguém, a ninguém
...