domingo, 30 de março de 2008

Nem a rosa, nem o cravo...



Nem a rosa, nem o cravo...

Jorge Amado


As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significação costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das canoas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as crianças são assassinadas friamente pelos nazistas? Como falar da gratuita beleza dos campos e das cidades, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos e as cidades?

Já viste um loiro trigal balançando ao vento? É das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e seus cães danados destruíram os trigais e os povos morrem de fome. Como falar, então, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do pão, da água da fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde? Não posso falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas estão perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a água, o céu, o mar e teu rosto. Contra tudo que é a beleza cotidiana do homem, o nazifascismo se levantou, monstro medieval de torpe visão, de ávido apetite assassino. Outros que falem, se quiserem, das árvores nas tardes agrestes, das rosas em coloridos variados, das flores simples e dos versos mais belos e mais tristes. Outros que falem as grandes palavras de amor para a bem-amada, outros que digam dos crepúsculos e das noites de estrelas. Não tenho palavras, não tenho frases, vejo as árvores, os pássaros e a tarde, vejo teus olhos, vejo o crepúsculo bordando a cidade. Mas sobre todos esses quadros bóiam cadáveres de crianças que os nazis mataram, ao canto dos pássaros se mesclam os gritos dos velhos torturados nos campos de concentração, nos crepúsculos se fundem madrugadas de reféns fuzilados. E, quando a paisagem lembra o campo, o que eu vejo são os trigais destruídos ao passo das bestas hitleristas, os trigais que alimentavam antes as populações livres. Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão. É como u'a nuvem inesperada num céu azul e límpido. Como então encontrar palavras inocentes, doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, destas frases, elas me soam como uma traição neste momento.

Mas sei todas as palavras de ódio, do ódio mais profundo e mais mortal. Eles matam crianças e essa é a sua maneira de brincar o mais inocente dos brinquedos. Eles desonram a beleza das mulheres nos leitos imundos e essa é a sua maneira mais romântica de amar. Eles torturam os homens nos campos de concentração e essa é a sua maneira mais simples de construir o mundo. Eles invadiram as pátrias, escravizaram os povos, e esse é o ideal que levam no coração de lama. Como então ficar de olhos fechados para tudo isto e falar, com as palavras de sempre, com as frases de ontem, sobre a paisagem e os pássaros, a tarde e os teus olhos? É impossível porque os monstros estão sobre o mundo soltos e vorazes, a boca escorrendo sangue, os olhos amarelos, na ambição de escravizar. Os monstros pardos, os monstros negros e os monstros verdes.

Mas eu sei todas as palavras de ódio e essas, sim, têm um significado neste momento. Houve um dia em que eu falei do amor e encontrei para ele os mais doces vocábulos, as frases mais trabalhadas. Hoje só 0 ódio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo. Só 0 ódio ao fascismo, mas um ódio mortal, um ódio sem perdão, um ódio que venha do coração e que nos tome todo, que se faça dono de todas as nossas palavras, que nos impeça de ver qualquer espetáculo - desde o crepúsculo aos olhos da amada - sem que junto a ele vejamos o perigo que os cerca.

Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperança. Jamais os livros diriam coisas belas, nunca mais seria escrito um verso de amor. Sobre toda a beleza do mundo, sobre a farinha e o pão, sobre a pura água da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos também, se debruçaria a desonra que é o nazifascismo, se eles tivessem conseguido dominar o mundo. Não restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mínima. Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei palavras de ódio, palavras de morte. Não encontrarás um cravo ou uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrarás um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade!


O texto acima foi publicado no jornal "Folha da Manhã", edição de 22/04/1945, e consta do livro "Figuras do Brasil: 80 autores em 80 anos de Folha", PubliFolha - São Paulo, 2001, pág. 79, organização de Arthur Nestrovski.

sábado, 29 de março de 2008

O Tempo



" Com o tempo, você vai percebendo que

para ser feliz com uma outra pessoa,

você precisa, em primeiro lugar,

não precisar dela.


Percebe também que aquela pessoa que você ama

(ou acha que ama)

e que não quer nada com você,

definitivamente,

não é o homem ou a mulher da sua vida.


Você aprende a gostar de você,

a cuidar de você, e principalmente,

a gostar de quem também gosta de você.


O segredo é não correr atras das borboletas...
É cuidar do jardim para que elas venham até você.


No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!"

Mário Quintana

sexta-feira, 28 de março de 2008

Emoções



Emoções

Sei que por vezes, sou muito emocional.
Vivo os momentos intensamente.
Choro se fico magoada, se vejo o sofrimento nos outros.
Rio e fico ultra-feliz, com as coisas que me deixam feliz.


Sei e reconheço que do mesmo modo que sofro mais,

também sou mais feliz por ser assim.
Mas creio que não existe nada mais libertador

que expressar as emoções e não as abafar.
Expôr sentimentos, rir, chorar, amar e até, sofrer.
Eu não quero perder isso. Embora a vida esteja a me mudar.

Não somos todos iguais, é verdade.
Não demonstro com isso que sou mais sensível

que outros que abafam ou escondem as suas emoções.


Mas conter algo que está dentro ... é ser prisioneiro de si mesmo.
Por isso gosto de ler e identifico-me com esta citação de Alexander Lowen:

"Ser Livre" (postagem anterior)

Ser Livre...



Rir, é arriscar parecer tolo...

Chorar, é arriscar parecer sentimental...

Tentar alcançar alguém, é arriscar envolvimento...

Expor sentimentos, é arriscar rejeição...

Expor seus sonhos perante a multidão,

é arriscar parecer ridículo...

Amar, é arriscar não ser amado de volta...

Seguir adiante face a probabilidades irresistíveis,

é arriscar ao fracasso..

E apenas uma pessoa que corre riscos, é LIVRE
.
(Alexander Lowen)

quinta-feira, 27 de março de 2008

CANÇÃO DAS MULHERES



“Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco – em lugar de voltar logo à sua vida, não porque lá está a sua verdade mas talvez seu medo ou sua culpa.

Que se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo: “Olha que estou tendo muita paciência com você!”

Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de mim reclamando: “Mas que chateação essa sua mania, volta pra cama!”

Que se eu peço um segundo drinque no restaurante o outro não comente logo: “Pôxa, mais um?”

Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro – filho, amigo, amante, marido – não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.”
crônica extraída do livro
"Pensar é transgredir",
de Lya Luft

Outonal




Caem as folhas mortas sobre o lago;
Na penumbra outonal,não sei quem tece
As rendas do silêncio...Olha,anoitece!
- Brumas longíquas do País do Vago...

Veludos a ondear...Mistério mago...
Encantamento...A hora que não esquece,
A luz que a pouco e pouco desfalece,
Que lança em mim a bênção dum afago...

Outono dos crepúsculo doirados,
De púrpuras, damascos e brocados!
- Vestes a terra inteira de esplendor!

Outono das tardinhas silenciosas,
Das magníficas noites voluptuosas
Em que eu soluço a delirar de amor...

FLORBELA ESPANCA,
do Livro Charneca em Flor.Pág. 76

quarta-feira, 26 de março de 2008

Zen



O Mestre na arte da vida faz

pouca distinção

entre o seu trabalho e o seu lazer,

entre a sua mente e o seu corpo,

entre a sua educação

e a sua recreação,

entre o seu amor e a sua religião.

Ele dificilmente sabe distinguir

um corpo do outro.

Ele simplesmente persegue sua visão

de excelência em tudo que faz,

deixando para os outros

a decisão de saber se está trabalhando

ou se divertindo.

Ele acha que está sempre fazendo

as duas coisas simultaneamente."


(Texto Zen-Budista)

terça-feira, 25 de março de 2008

Apaixonado



Que lindo é estar apaixonado
borbulhando sorrisos
em versos sonoros...

catarse em silêncio
sentir o chamado
minha mente vibrar
com as doces notas
que minha alma toca.

provar do eterno coração em flamas
incendiar tristezas nas brasas deste sentimento
flagrar-me sedento de encontrar-te de novo
de novo em segredo... intimo afago!
teu toque perfeito...

Edgar Alejandro

Poema da Paz



O dia mais belo? Hoje.
A coisa mais fácil? Equivocar-se.
O obstáculo maior? O medo.
O erro maior? Abandonar-se.

A raiz de todos os males? O egoísmo.
A distração mais bela? O trabalho.
A pior derrota? O desalento.
Os melhores professores? As crianças.

A primeira necessidade? Comunicar-se.
O que mais faz feliz? Ser útil aos demais.
O mistério maior? A morte.
O pior defeito? O mau humor.

A pessoa mais perigosa? A mentirosa.
O sentimento pior? O rancor.
O presente mais belo? O perdão.
O mais imprescindível? O lar.

A estrada mais rápida? O caminho correto.
A sensação mais grata? A paz interior.
O resguardo mais eficaz? O sorriso.
O melhor remédio? O otimismo.

A maior satisfação? O dever cumprido.
A força mais potente do mundo? A fé.
As pessoas mais necessárias? Os pais.
A coisa mais bela de todas? O amor.



(Madre Teresa de Calcutá)

É bonito, mas não é meu não!



"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm."


Fernando Pessoa

segunda-feira, 24 de março de 2008

Um Poema



UM POEMA

Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz...

(Miguel Torga)

domingo, 23 de março de 2008

Páscoa



" ... Páscoa é renascer, aceitar o convite de Jesus para
voltar a ser criança (Mateus 18, 1-4).



Renascer!

Este é o verdadeiro significado da Páscoa.
Que neste dia
teu coração se encha de esperança,
teus sonhos se vistam de festa,
teus olhos tenham um novo brilho
transformando este instante
no maior dos teus momentos!

Feliz Páscoa!

sexta-feira, 21 de março de 2008

Amor ou amizade?



Quero estender meus braços
e ser como porto a receber seus sonhos,
sorrisos, lágrimas, tristezas, segredos, esperanças...
Quero estender meu olhar
e oferecer uma ponte para dentro da minha alma,
por onde possa atravessar sem medo
e descansar a sua realidade.
Quero ser silêncio
para caber nas suas palavras
e ser palavra
para preencher o seu silencio
Quero ser o dicionário,
onde a Amizade vem primeiro que o Amor
pois só quem sabe Amar pode ser
um Amigo de verdade.

quinta-feira, 20 de março de 2008

A vida "é terna"



Estamos a querer a vida eterna,
algo distante e frio e nem sequer sabemos pra que queremos isso,

quando na realidade já temos o que precisamos...
a vida “é terna” no seu contexto puro,
é só olhar ao redor...
mas, nos olhamos ao redor daquilo que construímos,
no contexto que nos a colocamos... as cidades.

(Edgar Alejandro)

Yá yá Massemba - Brasileirinho


Navio Negreiro (Castro Alves) / Um Índio



Ultimatum (Álvaro de Campos - 1917)


quarta-feira, 19 de março de 2008

Maldita Chocolatria


A Páscoa vem chegando e, com isso, os ovos de páscoa. Ovos de páscoa lembram chocolate (obviamente). Chocolate lembra aquele maldito vício que me acomete: a chocolatria. Na verdade, não vejo a menor correlação entre uma data em que se comemora a ressurreição de Jesus Cristo com os famigerados ovos de páscoa... mas a mídia e o mercado sempre dão um jeitinho de subverter as coisas em favor do consumismo desenfreado. Isso, todo mundo sabe!


Tá! Voltando ao assunto, o leitor já deve ter notado o título do post: “Maldita Chocolatria” e, certamente, se questionado “_ que merda de assunto ridículo esse infeliz vai me fazer ler e perder meu tempo, hoje?”. Oras! Vou tratar sobre a chocolatria, pow!

Pra quem não sabe (e todo mundo sabe... espero!), chocolatria é o vício por chocolate; aquele impulso desenfreado e alucinado de desejar comer chocolate todos os dias. Sim! Esta maldita guloseima vicia à beça! E está quase pra ser provado cientificamente que a chocolatria é como vício em álcool e drogas, conforme um estudo ainda pendente na Universidade de Tampere, na Finlândia (pra mim, isso é uma bobagem... mas sou advogado; não cientista). Há algum tempo, estudos mostraram que a ingestão de chocolate pode provocar efeitos relaxantes similares ao do orgasmo ou maconha (o que me parece uma ótima notícia o/). Nos Esteites, há até uma tal “Chocoholics Anonymous” para tratamento de chocólatras :o

Dizem que os astecas usavam chocolate como dinheiro (será que, quando criaram aquelas deliciosas moedinhas de chocolate, tentaram implantar essa cultura por aqui???); os gregos o tratavam como “alimento dos deuses”. Já foi considerado afrodisíaco, remédio, guloseima do pecado, calmante, energético, etc, etc, etc. Mas tudo o que se pode dizer, comprovadamente, é que o chocolate é um energético fodástico, vitaminado, ótima fonte de ferro, com efeitos antidepressivos, relaxantes e afrodisíacos (o que, até agora, não tem nada de mau) e, ao mesmo tempo, favorece a ansiedade, aumenta o colesterol, ataca o fígado como poucos, torna nossa pele oleosa e cheia de espinhas e, claro, torna-nos gordos gordurosos (o que, até agora, não tem nada de bom). Já dizia EU mesmo: “tudo o que é muito bom é ruim” :-(

Toda essa balela pra quê??? Oras, pra culminar no relato de minhas experiências desagradáveis com a chocolatria (afinal, essa joça aqui é um blog; e blogs servem pra gente compartilhar as besteiras de nosso dia-dia, certo?). Sou um cara totalmente alucinado por chocolates. Quando quero, nada me impede de degustar um. Em casa, devoro os chocolates de meus pais (sim! Ainda moro com eles... mas tenho minhas condições, obviamente) e de meus irmãos sem nem perguntar se posso, nem por quê razão a guloseima foi adquirida. Já comi todos os brigadeiros que foram feitos pra uma festinha de aniversário que não era pra mim (detalhe: tudo, ANTES da festa – sacam aquele negócio de “é só um! Não vai fazer falta...”? Tiveram de ir comprar brigadeiro na padaria, pois não daria tempo de fazer mais). Uma vez, meu pai comprou uma caixa de chocolates suíços pra minha mãe; escondido de mim, obviamente. Só que, por algum motivo que não me lembro, encontrei as delicinhas dentro do guarda-roupas do quarto deles, praticamente intacto. Preciso continuar a história?...

Aliás, quantas vezes saí de meu escritório, no meio do expediente, pra dar uma passadinha no barzinho da esquina e comprar chocolate? Quantas vezes não saí de minha casa, com R$ 30,00 na mão, no mínimo, pra ir comprar chocolates num desses supermercados de doces? Putz! Acreditam que já cheguei a viajar em busca de um chocolate que só havia encontrado em outra cidade??? Sério! Sou capaz dessas coisas! Chocolatria me empobrece, literalmente :-(

Sou, simplesmente, muito mais viciado em chocolates do que em qualquer bebida alcoólica existente (mas, às vezes, é possível unir o agradável ao mais agradável ainda, como aqueles bombonzinhos recheados com conhaque)! Se eu fumasse, certamente seria muito mais chocólatra do que viciado em cigarros. Ainda que eu me drogasse e me chapasse, seria mais viciado em chocolates!, obviamente!! É certo que não sou muito chegado em doces... mas chocolate NÃO é um doce; é um néctar da perdição, um manjar da gulodice desenfreada!!! CHOCOLATES!!! Chocolates me deixam demente, pinel; me tornam um psicopata!!!

Chocolates ao leite! Chocolates com amêndoas, amendoins, arroz, cereais, café e tudo mais o que lhe for compatível (já encontrei até pedrinhas... mas estas devem ter sido colocadas acidentalmente)! Chocolates meio amargos! Chocolates pequenos, chocolates grandes! Chocolates-quentes! Chocolates frios! Chocolates brancos...

Sabem o que vejo na imagem abaixo?

Chocolates, obviamente!!! Só de escrever este post, estou vendo chocolates em todo lugar!



Ah... não estão me compreendendo, né? Pois eu os farei entender a razão deste vício maldito que me ataca dia e noite! Uma imagem vale, sempre, mais do que mil palavras, certo? Algumas imagens, então, valem mais do que bilhões de palavras, certo??? Pois aí vão algumas! SOFRAM!!!



O quê?!?! Querem que eu pare com a tortura?!?! Nada disso! Tomem mais essas :

Tá! Agora CHEGA mesmo, porque, obviamente, o feitiço se virou contra o feiticeiro e essas imagens me debilitaram sobremaneira (certamente, estou sofrendo mais do que você)! Infelizmente, são imagens googlísticas; não tiradas de minha casa pra, depois, cada uma dessas maravilhas fotografadas irem parar no limbo do meu estômago! Pelo visto, vou ter de ir atrás de um pouco de chocolate pra me saciar... e com míseros R$ 40,00 disponíveis na carteira (maldita pobreza) Aff! Por isso, tenho de passar LOGO num concurso público da vida; pra ficar rico e comprar uma mansão com um chafariz jorrando chocolate ao leite no meu quintal. E já avisei minha futura esposa de que, se ela quiser um casamento saudável e feliz, nossa casa terá de ter chocolates todo dia!



E ela concordou sem pestanejar... obviamente!


(Mutumutum)

terça-feira, 18 de março de 2008

Nada Além



o homem
é só um sonho
no caminho

(Reginaldo Leal)


O Homem é do tamanho do seu sonho.


(Fernando Pessoa)

Meu coração...




Meu coração,
francamente não te entendo
Estás localizado
abaixo da minha cabeça
e, no entanto, estás sempre voando
enquanto a minha cabeça
fica sempre com os pés no chão

Caminhas ao lado
das minhas melhores emoções
mas, muitas vezes,
complicas a minha vida
quando andas de braços dados
com as minhas adolescentes paixões

Toma jeito!

Não,

... continua louco

São as tuas loucuras
que me trazem a felicidade

(Orlando Vaz Carneiro)

segunda-feira, 17 de março de 2008

A Alegria na Tristeza



A Alegria na Tristeza

O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.

O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.

Pode parecer confuso, mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir.
Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura.
Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado.
E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música.
Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.

Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.

Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.

Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só
o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.

Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido.
Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção
é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada.

Triste é não sentir nada.

Martha Medeiros

sexta-feira, 14 de março de 2008

Dia Nacional da Poesia



Todo dia é dia de poesia. Em todos os cantos do mundo, em todo os momentos,há alguém evocando sensações, impressões e emoções por meio de sons e ritmos harmônicos.
Antigamente, as poesias eram cantadas, acompanhadas pela lira, um instrumento musical muito comum na Grécia antiga. Por isto, diz-se que a poesia pertence ao gênero lírico.

Hoje é considerado o Dia Nacional da Poesia pois foi nesta data que nasceu o grande poeta brasileiro Castro Alves. Poeta romântico, Castro Alves morreu de tuberculose na capital baiana Salvador em 06 de julho de 1871, com apenas 24 anos. Ele escreveu poesias importantes como “Navio Negreiro” e, não à toa, ficou conhecido como poeta dos escravos. Por ser um dos grandes expoentes da poesia romântica no Brasil é que Castro Alves é homenageado até hoje.

A poesia é uma arte literária e, como arte, recria a realidade. O poeta Ferreira Gullar diz que o artista cria um outro mundo “mais bonito ou mais intenso ou mais significativo ou mais ordenado – por cima da realidade imediata”.
Para outros, a arte literária nem sempre recria. É o caso de Aristóteles, filósofo-grego que afirmava que “a arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra”. Geralmente a expressão “poesia” se aplica à estrutura de texto em versos. Os versos são as “linhas” do poema. Um conjunto de versos forma uma estrofe.




Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.

(Pablo Neruda)

quinta-feira, 13 de março de 2008

Um lindo sonho...a construir a cada dia...



Amo-te
(Vinícius de Morais)

Amo-te tanto, meu amor...
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te enfim, de um calmo amor presente,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e cada instante
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Pense ...

(praia de São Conrado RJ)


"Você pode se distanciar de quem está correndo atrás de você,

mas não do que está correndo dentro de você."

quarta-feira, 12 de março de 2008

Amor, amor...



Amor amor
(Sueli Costa e Cacaso)

quando o mar
quando o mar tem mais segredo
não é quando ele se agita
nem é quando é tempestade
nem é quando é ventania
quando o mar tem mais segredo
é quando é calmaria

quando o amor
quando o amor tem mais perigo
não é quando ele se arrisca
nem é quando ele se ausenta
nem quando eu me desespero
quando o amor tem mais perigo
é quando ele é sincero

terça-feira, 11 de março de 2008

Às Vezes



Álvaro de Campos

Às Vezes

Às vezes tenho idéias felizes,
Idéias subitamente felizes, em idéias
E nas palavras em que naturalmente se despegam...

Depois de escrever, leio...
Por que escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?...

domingo, 9 de março de 2008

Pensar é transgredir



"Pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair das varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.
Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência.
Nele todos os desastres e toda beleza têm significado como fases de um processo.
Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos,
não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo.
Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas
pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.
Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história.
O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade,
sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos impressiona tanto."


Do livro "Pensar é transgredir" - Lya Luft.

Samba do Grande Amor



Tinha cá pra mim
Que agora sim
Eu vivia enfim o grande amor
Mentira
Me atirei assim
De trampolim
Fui até o fim um amador
Passava um verão
A água e pão
Dava o meu quinhão pro grande amor
Mentira
Eu botava a mão
No fogo então
Com meu coração de fiador

Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira

Fui muito fiel
Comprei anel
Botei no papel o grande amor
Mentira
Reservei hotel
Sarapatel
E lua-de-mel em Salvador
Fui rezar na Sé
Pra São José
Que eu levava fé no grande amor
Mentira
Fiz promessa até
Pra Oxumaré
De subir a pé o Redentor

Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira

[chico buarque - samba do grande amor]

quarta-feira, 5 de março de 2008

Uma parte de mim



Uma parte de mim

é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?

(Ferreira Gullar)

A arte de ser feliz



Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.

Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.

Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.

Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.

E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.

Outras vezes encontro nuvens espessas.

Avisto crianças que vão para a escola.

Pardais que pulam pelo muro.

Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.

Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.

Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.

Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.

Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.

E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

(Cecília Meireles)

Transgressão com a imortalidade



A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente.


Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo.


Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria.


Aí você curte tudo, bebe bastante, faz festas e se prepara pra faculdade.


Você vai pro colégio, tem vários namorados, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?




(Charles Chaplin)

Esperemos



Há outros dias que não têm chegado ainda,


que estão fazendo-se


como o pão ou as cadeiras ou o produto


das farmácias ou das oficinas


- há fábricas de dias que virão -


existem artesãos da almaque levantam e pesam e preparam


certos dias amargos ou preciosos


que de repente chegam à porta


para premiar-nos


com uma laranja


ou assassinar-nos de imediato.

(Pablo Neruda)

segunda-feira, 3 de março de 2008

" A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original." (Albert Einstein)




CONVITE


Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério

A quatro mãos escrevemos este roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério.
(Lya Luft)

Uma Crônica de Thiago Cunha



Especular sobre os devaneios das outras pessoas sempre vai te fazer pequeno.


Pensar, simples e involuntariamente, já esmaga muito do que você acredita, criando outras certezas que serão esmagadas um pouco depois.


É difícil acreditar em algo que exponha o que você realmente é.


É difícil, impossível, ser uma coisa só. Talvez por isso algumas pessoas falem pouco, valorizando o poder do silêncio.


Talvez por isso algumas pessoas falem e riam tanto, mostrando a coragem que querem mostrar que tem, de ser... seja lá o que for.


Mentimos pra nós mesmos, muitas vezes, só para nos convencermos de que somos tal coisa, de que nunca mudamos ou de que agora somos totalmente diferentes.


A verdade é que a nossa existência depende essencialmente da existência dos outros.


Nós somos tudo o que vimos, tudo do que gostamos, tudo o que fizemos e que normalmente não faríamos.


Nós somos aquele calafrio que se sente por alguém com quem você nunca conversou e que nem faz seu tipo, aquela alegria que vem sem explicação, durante o dia mais sem graça, o envolvimento com as personagens de um livro.


Ser é como amar, como ter esperança, essas coisas que não dão pra tocar e das quais a gente vive apanhando.

Carta de apresentação


É aquela velha história: Se não gostou, não come!