quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Ode para o futuro




Falareis de nós como de um sonho.
Crepúsculo dourado. Frases calmas.
Gestos vagarosos. Música suave.
Pensamento arguto. Subtis sorrisos.
Paisagens deslizando na distância.
Éramos livres. Falávamos, sabíamos,
e amávamos serena e docemente.

Uma angústia delida, melancólica,
sobre ela sonhareis.

E as tempestades, as desordens, gritos,
violência, escárnio, confusão odienta,
primaveras morrendo ignoradas
nas encostas vizinhas, as prisões,
as mortes, o amor vendido,
as lágrimas e as lutas,
o desespero da vida que nos roubam
- apenas uma angústia melancólica,
sobre a qual sonhareis a idade de oiro.

E, em segredo, saudosos, enlevados,
falareis de nós - de nós! - como de um sonho.

(Jorge de Sena)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A Saudade Mata a Gente



Fiz meu rancho na beira do rio
Meu amor foi comigo morar
E nas redes nas noites de frio
Meu bem me abraçava pra me agasalhar
Mas agora, meu Deus, vou-me embora
Vou-me embora e não sei se vou voltar
A saudade nas noites de frio
Em meu peito vazio virá se aninhar

A saudade é dor pungente, morena
A saudade mata a gente, morena
A saudade é dor pungente, morena
A saudade mata a gente ...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Luminosa manhã



Luminosa manhã
Para que tanta luz?
Dá-me um pouco de céu
Mas não tanto azul
Dá-me um pouco de festa não esta
Que é demais pra os meus anseios
Ele veio manhã
Você sabe, ele veio
Despertou-me chorando
E até me beijou
Eu abri a janela
E este sol entrou
De repente em minha vida
Já tão fria e sem desejos
Estes festejos
Esta emoção

Luminosa manhã
Tanto azul tanta luz
É demais para o meu coração...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Alguém me disse


Disseram-me que as nossas vidas não valem grande coisa,
Elas passam em instantes como murcham as rosas.
Disseram-me que o tempo que desliza é um bastardo
Que das nossas tristezas ele faz suas cobertas

No entanto alguém me disse...
Que você ainda me ama,
Foi alguém que me disse
que você ainda me ama
Seria isto possível então?

Disseram-me que o destino debocha de nós
Que não nos dá nada e nos promete tudo
Faz parecer que a felicidade está ao alcance das mãos,
Então a gente estende a mão e se descobre louco
No entanto alguém me disse...

Mas quem me disse que você me ama ainda?
Eu não recordo mais, já era tarde da noite,
Eu ainda ouço a voz, mas eu não vejo mais seus traços
"ele ama você, isso é segredo,
não lhe diga que eu disse a você"

Sabe, alguém me disse...
Que você ainda me ama,
Disseram-me isso realmente...
Que você ainda me ama,
Seria isto possível então?

Disseram-me que as nossas vidas não valem grande coisa,
Elas passam em instantes como murcham as rosas.
Disseram-me que o tempo que se vai é um bastardo
Que das nossas tristezas ele faz a sua coberta

No entanto alguém me disse...
Que você ainda me ama,
Foi alguém que me disse
Que você ainda me ama
Seria isto possível então?


Escravo


... Todos os homens se dividem, em todos os tempos e também hoje, em escravos e livres; pois aquele que não tem dois terços do dia para si é escravo, não importa o que seja: estadista, comerciante, funcionário ou erudito.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Teste de saúde (resultado)



Acha que a sua vida é saudável?
Este teste dá-lhe a resposta por que tanto anseia
Seguir uma alimentação equilibrada e manter um estilo de vida saudável é importante não só para a sua saúde mas também para se sentir bem consigo própria e alcançar os seus objectivos.

Mas estará no caminho certo? Descubra já, respondendo às perguntas do teste no link abaixo.



quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Animal de estimação



antes de cair
numa insensata apatia
venho de público
requerer junto a ti
um direito postulado pelo coração
o direito de ser
num infinito espaço de tempo
teu animal de estimação.

.


sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Plágio


Os amigos bondosos chamam-me Poeta.
Poeta das coisas simples.
Confesso! Não o sou!
Poeta é quem cria
quem emociona.
De mim apenas têm o plágio.
(Sim, o plágio!)
Copio a natureza, a criação.
Como posso ser autora?
Observo tudo ao meu redor
com olhos de ver e de enxergar...
Não fui eu quem criou o por do sol,
o luar prateado sobre o mar,
o vento desarrumando os cabelos e os campos de trigos...
Não fui eu quem fez montanhas de ametistas,
o olhar azul da paixão e o vai e vem das ondas do amor...
Não permiti os amores, tatuagens na alma,
as lágrimas e os sorrisos perdidos.
O choro de criança, o cheiro de filho, a insônia de mãe...
Não vesti a natureza em cores perfumadas e
nem criei a canção que nos eleva...
Nem a paz, nem a guerra...
Decifro sonhos, invento palavras.

A mim, só cabe copiar,
a poesia da criação...

sábado, 20 de setembro de 2008

É meu Aniversário 20/09



Feliz aniversário

Um momento especial de renovação para sua alma e seu espírito, porque Deus, na sua infinita sabedoria, deu à natureza, a capacidade de desabrochar a cada nova estação e a nós capacidade de recomeçar a cada ano.
Desejo a você, um ano cheio de amor e de alegrias.
Afinal fazer aniversário é ter a chance de fazer novos amigos, ajudar mais pessoas, aprender e ensinar novas lições, vivenciar outras dores e suportar velhos problemas.
Sorrir novos motivos e chorar outros, porque, amar o próximo é dar mais amparo, rezar mais preces e agradecer mais vezes.
Fazer Aniversário é amadurecer um pouco mais e olhar a vida como uma dádiva de Deus.
É ser grato, reconhecido, forte, destemido.
É ser rima, é ser verso, é ver Deus no universo;
Parabéns a você nesse dia tão grandioso

sábado, 13 de setembro de 2008

Recados Para Orkut




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Sentimentos




sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Ao vivo e a cores



A solidez da mensagem poética
desistimula minha dor e as possibilidades
da poesia vencem meu insistente cansaço.


A liquidez das palavras
me prova que a poesia
é uma coisa bem sólida.
Poemas são náuseas cotidianas,
engarrafamentos, greves,
trágicas touradas de Espanha,
afogados em Copacabana
e em outras tantas partes do mundo.


A gigantesca sede de vitória
é muito mais que metafísica:
engulo pílulas e pílulas do sucesso,
assisto diuturnamente às coisas da tevê.
Balizo meus passos e meus gestos
ao padrão ideal da propaganda.
Meus dedos tremulam no compasso
das bandeiras das naves de guerra
e em uníssono com os gritos
das torcidas extáticas.
Meu coração dispara com os beijos das novelas.
Meu pensamento não precisa mais agir:
rios de instruções fonéticas
me chegam desordenadamente à porta.


A hipnotizante velocidade urbana
escapou dos olhos das ruas
e eletriza a multidão disforme.
A tecnologia tenta engavetar as palavras,
mas sua liquidez escorre incontrolavelmente
dos dedos, dos olhos, das privações do povo,
das meretrizes com seus noturnos hematomas.
A liquidez das palavras
inunda avenidas, impulsiona multidões,
impregnando nas coisas modernas
o sopro e a necessária
gravidez sonora do poema.


(Sá Júnior)

O Medo



Em verdade temos medo.
Nascemos escuro.
As existências são poucas:
Carteiro, ditador, soldado.
Nosso destino, incompleto.

E fomos educados para o medo.
Cheiramos flores de medo.
Vestimos panos de medo.
De medo, vermelhos rios
vadeamos.

Somos apenas uns homens
e a natureza traiu-nos.
Há as árvores, as fábricas,
Doenças galopantes, fomes.

Refugiamo-nos no amor,
este célebre sentimento,
e o amor faltou: chovia,
ventava, fazia frio em São Paulo.

Fazia frio em São Paulo...
Nevava.
O medo, com sua capa,
nos dissimula e nos berça.

Fiquei com medo de ti,
meu companheiro moreno,
De nós, de vós: e de tudo.
Estou com medo da honra.

Assim nos criam burgueses,
Nosso caminho: traçado.
Por que morrer em conjunto?
E se todos nós vivêssemos?

Vem, harmonia do medo,
vem, ó terror das estradas,
susto na noite, receio
de águas poluídas. Muletas

do homem só. Ajudai-nos,
lentos poderes do láudano.
Até a canção medrosa
se parte, se transe e cala-se.

Faremos casas de medo,
duros tijolos de medo,
medrosos caules, repuxos,
ruas só de medo e calma.

E com asas de prudência,
com resplendores covardes,
atingiremos o cimo
de nossa cauta subida.

O medo, com sua física,
tanto produz: carcereiros,
edifícios, escritores,
este poema; outras vidas.

Tenhamos o maior pavor,
Os mais velhos compreendem.
O medo cristalizou-os.
Estátuas sábias, adeus.

Adeus: vamos para a frente,
recuando de olhos acesos.
Nossos filhos tão felizes...
Fiéis herdeiros do medo,

eles povoam a cidade.
Depois da cidade, o mundo.
Depois do mundo, as estrelas,
dançando o baile do medo.
(Carlos Drumond de Andrade)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

As vezes...



"As vezes o silencio grita tão alto,
que nossas almas se recolhem..."

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Universo no teu corpo


Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
Uma gente que não viva só pra si
Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida sem amor que eu aprendi
Por uns velhos vão motivos
Somos cegos e cativos
No deserto do universo sem amor
E é por isso que eu preciso
De você como eu preciso
Não me deixe um só minuto sem amor
Vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se une em versos a canção
Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo amante amigo em minhas mãos ...

(Taiguara)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Descaminhos


Me perdoa
Essa falta de tempo
Que por vezes chega a me desesperar
Esse meu desatino
Nossos descaminhos
E a vontade louca de ficar

Me perdoa
Essa falta de sonho
Que por vezes chega a me desanimar
Queria te encontrar
Nesse meu abandono
E não ter que depois... desapegar

Te queria... sem pressa, sem medo
Na loucura de um dia qualquer
Te tragar... no silêncio da noite
Nos teus braços me sentir mulher
Mas a falta de tempo é tamanha
E essa ausência de mim, te devora

Me perdoa esse jeito cigano
De partir sempre antes da hora.

sábado, 16 de agosto de 2008

Penumbra




Espere...
Não entre na desordem deste quarto,
Esparramei no chão meus sentimentos,
Estou revendo a história de cada momento.

Cuidado!
Aqui estão os ais do meu passado...
Não pise nessas dores tão antigas,
Tão velhas que já são minhas amigas.

Observe
Todas as imagens desbotadas,
São meus momentos de decepção
Lavados com o pranto de meu coração...

Descubra
Pendurada naquela parede,
Minha coleção de esperanças
Desde os velhos tempos de criança...

Confira
Aqueles momentos de incerteza,
Os medos, pesadelos, titubeios,
Coleção de meus tolos receios...

Admire...
Empilhei ali naquele canto
Todas as vitórias conquistadas,
Quando por mim fui superada!

Sorria,
Veja a coletânea de alegrias,
Meu acervo da rara beleza...
A vida não tem sido só tristezas!

Não brinque!
Aqui eu guardo meus amores...
De todos, os mais fortes sentimentos.
Tremo ao relembrar cada momento!

Não ligue...
Ali deixei a miscelânea,
Instantes... Curtos, fortes, variados,
Murais que só eu sei o significado...

Enfim...
Sente-se aqui perto de mim,
Apague a nostalgia que me inunda
e veja à meia-luz desta penumbra,
Flashes da aventura que deslumbra!


© Sylvia Cohin

sexta-feira, 8 de agosto de 2008


Eu tenho pena da Lua!
Tanta pena, coitadinha,
Quando tão branca, na rua
A vejo chorar sozinha!…

As rosas nas alamedas,
E os lilases cor da neve
Confidenciam de leve
E lembram arfar de sedas

Só a triste, coitadinha…
Tão triste na minha rua
Lá anda a chorar sozinha …

Eu chego então à janela:
E fico a olhar para a lua…
E fico a chorar com ela! …

(Florbela Espanca)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Jogada pelo Mundo


A felicidade não manda avisar
Quando vai chegar a ninguém, a ninguém

Pode vir de noite ou de dia
É sempre um motivo de alegria

Eu tenho sol, a flor e o mar
Tenho o luar e o arrebol

Tenho as mais lindas alvoradas
Tenho montanhas azuladas

Tenho a canção dos pescadores
Tenho essa vida de mil amores

Molho os meus pés
Nas águas limpas dos igarapés

Eu tenho sol, a flor e o mar
Tenho o luar e o arrebol

Tenho as mais lindas alvoradas
Tenho montanhas azuladas

Pois tendo tudo, não tenho nada
Ando jogada por esse mundo

Não tenho um bem
Nem o amor de ninguém

A felicidade não manda avisar
Quando vai chegar a ninguém, a ninguém
...

quinta-feira, 31 de julho de 2008

...




Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso.
Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
Clarice Lispector

terça-feira, 29 de julho de 2008

Renúncia



Rama das minhas árvores mais altas,
deixa ir a flor! que o tempo, ao desprendê-la,
roda-a no molde de noites e de albas
onde gira e suspira cada estrela.

Deixa ir a flor! deixa-a ser asa, espaço,
ritmo, desenho, música absoluta,
dando e recuperando o corpo esparso
que, indo e vindo, se observa, e ordena, e escuta...

Falo-te, por saber o que é perder-se.
Conheço o coração da primavera,
e o dom secreto do seu sangue verde,
que num breve perfume existe e espera.

Verti para infinitos desamparos
tudo que tive no meu pensamento.
Era a flor dos instantes mais amargos.
Por onde anda? No abismo. Dada ao vento...

Cecília Meireles
In:"Poesia reunida"

Esculturas na areia (Castelos de Sonhos)




"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

(Fernando Pessoa)



sexta-feira, 25 de julho de 2008

O Plantador de Girassóis

Para o amigo João, com carinho.




Lá vai ele semeando azuis.
Passa por terras ácidas,
por marés graves,
que converte em focos de luz.
Deve ter uma orquestra no bolso
e sementes de sol no coração.
A fila cresce:
o que admira,
a que suspira,
a que padece.
O semeador avança,
a orquestra toca,
o mundo, sem querer, entra na dança.
A festa aumenta.
Se a noite ciumenta se apresenta
e em protesto espalha seu negrume,
o semeador derrete a escuridão:
seduz a estrela e acende um vagalume.

(Flora Figueiredo)


sexta-feira, 18 de julho de 2008

Começaria tudo outra vez



Começaria tudo outra vez
Se preciso fosse, meu amor
A chama em meu peito
Ainda queima, saiba!
Nada foi em vão...

A cuba-libre dá coragem
Em minhas mãos
A dama de lilás
Me machucando o coração
Na sêde de sentir
Seu corpo inteiro
Coladinho ao meu...

E então eu cantaria
A noite inteira
Como já cantei, cantarei
As coisas todas que já tive
Tenho e sei, um dia terei...

A fé no que virá
E a alegria de poder
Olhar prá trás
E ver que voltaria com você
De novo, viver
Nesse imenso salão...

Ao som desse bolero
Vida, vamo nós
E não estamos sós
Veja meu bem
A orquestra nos espera
Por favor!
Mais uma vez, recomeçar..

Profundamente

"Minha atenção bóia entre dois mundos e vê cegamente a profundeza de um mar e a profundeza de um céu; e estas profundezas interpenetram-me, misturam-se,
e eu não sei onde estou nem que sonho."

(Fernando Pessoa)

terça-feira, 15 de julho de 2008

Mulher



A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver...
E vivo!!!.


(Cora Coralina).

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Prece da Criança



Senhor,
estou muito assustado,
estão nos fazendo medo,
fico até cansado de pensar
um jeito de proibir os adultos
de matar os passarinhos,
de acabar com os rios,
de poluir os mares.
Tudo que o Senhor fez é tão bonito,
até me irrito,
quando vejo guerras dominando alguns lugares.
Quero sonhar
com uma escola feliz,
com professores sorrindo,
e uma nota que dê para passar...
É isto que sempre quis...
Ah! Quero minha família unida,
segurança para brincar na praça,
a imensa graça, de dormir,
sabendo que se há alguém na rua
vai poder voltar.
Amém.


(Ivone Boechat)


sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ser Poeta



Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de infinito!
Por elmo, as manhãs de ouro e de cetim…
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca - A mensageira das violetas




Eu tenho pena da Lua!
Tanta pena, coitadinha,
Quando tão branca, na rua
A vejo chorar sozinha!…

As rosas nas alamedas,
E os lilases cor da neve
Confidenciam de leve
E lembram arfar de sedas

Só a triste, coitadinha…
Tão triste na minha rua
Lá anda a chorar sozinha …

Eu chego então à janela:
E fico a olhar para a lua…
E fico a chorar com ela! …

Florbela Espanca - Trocando olhares - 23/04/1917

Canção na Plenitude



Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.


(Lya Luft)
O texto acima foi extraído do livro "Secreta Mirada", Editora Mandarim - São Paulo, 1997, pág. 151.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Tanto tempo depois....



“ NOTAS CONTEMPORÂNEAS ”

“ ... presença angustiosa das misérias humanas,
tanto velho sem lar, tanta criancinha sem pão,
e a incapacidade ou indiferença dos governos
para realizar a única obra urgente do mundo
- a casa para todos, o pão para todos,
lentamente me têm tornado
um vago anarquista entristecido,
idealizador, humilde, inofensivo ... ”

( Eça de Queirós - José Maria Eça de Queirós - 1845 / 1900)

terça-feira, 8 de julho de 2008

Querer bem...


"A maturidade me permite olhar com menos ilusões,

aceitar com menos sofrimento,

entender com mais tranquilidade,

querer com mais doçura..."

(Lya Luft)

Sonhos...


segunda-feira, 7 de julho de 2008

Onde andas?



Procuro-te onde não andas,

não sei como te buscar.

Passeias onde não passo,

ando sem te encontrar"...

(Fernando Pessoa)…

O Cumprimento




O cumprimento é uma forma de saudação amigável entre duas pessoas ou entidades, geralmente com algum gesto ou fala.

Os gestos que simbolizam os cumprimentos variam de cultura para cultura. No Ocidente e na maioria do mundo, entre homem-homem costuma-se utilizar o aperto de mão. Entre homem-mulher, mulher-mulher que não tem certa intimidade, também. É comum se utilizar um, dois ou até três beijos no rosto entre homem-mulher, mulher-mulher que já são colegas ou amigos há algum tempo.

Em alguns países da Ásia, se cumprimenta unindo as próprias mãos. No Japão as saudações se dão normalmente curvando a coluna e os apertos de mão são comumente feitos em conjunto com a forma tradicional de saudação.

Entre árabes, o cumprimento normal entre dois homens amigos é a troca de beijos nas faces. Na Itália, o beijo no rosto entre homens familiares também é comum.

Para o dia inteiro é (Bom dia - pela manhã), (Boa tarde - pela tarde) e (Boa noite - pela noite).


As vezes me surpreendo com a maneira que as pessoas trocam cumprimentos!

"Toda forma de amor vale a pena"
"Um abraço dado de bom coração é mais que uma benção!"

O importante é ter consciência de que se vive e que se é feliz!

Respeitosamente, eu adoro meus amigos!




ABRAÇOS

Abraços são dados de muitas formas
e com diferentes significados.
Têm abraços que dizem:
"Fico muito contente com a sua amizade..."
Existem abraços que expressam o orgulho
que se sente por alguém especial!...
Também há abraços que dizem:
"Não existe ninguém no mundo igual a você..."
Há abraços doces e ternos
que são dados em momentos de tristeza...
Com um abraço também podemos dizer:
"Sinto muito",
quando alguém está passando por um momento difícil...
Há abraços que damos, para dizer:
"Que bom que você veio",
e outros que dizem:
"Sentirei sua falta quando você estiver longe de mim..."
E não faltam esses abraços perfeitos para fazer as pazes...
E os abraços cheios de carinho,
que nascem do coração...
Como você vê,
existem abraços para diferentes ocasiões;
abraços rápidos e abraços demorados,
um para cada razão...
Porém, de todos os abraços,
o mais carinhoso é aquele que diz:
"Você está sempre no meu pensamento
porque eu te quero muito!"
(E sempre será assim!)

Autor: Desconhecido


Independente do tipo de abraço; abraça que é bom. Além de gostoso, abraçar protege a saúde, retarda o envelhecimento e aquece o coração. É engraçado como um simples abraço, faz-nos sentir bem, não? E você, já deu seu abraço de hoje?

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Cumpra...



Cada Um




Cada um cumpre o destino que lhe cumpre,

E deseja o destino que deseja;

Nem cumpre o que deseja,

Nem deseja o que cumpre.





Como as pedras na orla dos canteiros

O Fado nos dispõe, e ali ficamos;

Que a Sorte nos fez postos

Onde houvemos de sê-lo.





Não tenhamos melhor conhecimento

Do que nos coube que de que nos coube.

Cumpramos o que somos.

Nada mais nos é dado.


(Ricardo Reis)

Basta Pensar em Sentir



Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.
Viver é não conseguir.
(Fernando Pessoa)

Indagação


Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
(Sophia de Mello Breyner Andresen )

Viver





"Acreditar é monótono, duvidar é apaixonante, manter-se alerta: eis a vida."


( Oscar Wilde )

segunda-feira, 30 de junho de 2008

O mais é Nada



Sonhe com as
estrelas, apenas sonhe,
elas só podem brilhar no céu.
Não tente deter o vento,
ele precisa correr por toda parte,
ele tem pressa de chegar, sabe-se lá aonde.
As lágrimas?
Não as seque,
elas precisam correr na minha,
na sua, em todas as faces.
O sorriso!
Esse, você deve segurar,
não o deixe ir embora, agarre-o!
Persiga um sonho,
mas, não o deixe viver sozinho.
Alimente a sua alma com amor,
Descubra-se todos os dias,
deixe-se levar pelas vontades,
mas, não enlouqueça por elas.
Abasteça seu coração de fé,
não a perca nunca.
Alargue seu coração de esperanças,
mas, não deixe que ele se afogue nelas.
Circunda-se de rosas, ama, bebe e cala.
O mais é nada.

(Fernando Pessoa)

Concreta



Já bati contra o muro
Já me vi em ruas sem saídas
Já chorei muito, mas já ri muito mais.
Porque não há parede que me bloqueie
Escuro que me afugente
Eu vivo a vida urgente!
Eu posso voar se chegar no fim...
Porque não há fim para uma alma eterna.
Não há breu onde há brilho
E eu brilho sim meu bem!
Eu deixo minha marca
Te dou o meu sorriso
Minhas palavras...
Meus olhos falam por mim
Não preciso de definições.
Minha face me define
O clima me destingue.
Não sou musa, bem que queria
Ser arte,
mas não ser julgada pelo olhar comum.
Quero um olhar detalhado, estudado
Não palavras ditas só por dizer
Ser admirada, ponto a ponto de uma arte
Nem um pouco abstrata.

(Carolina Salcides)

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Amor adolescente



Amor adolescente

Quero desenhar
corações na areia...
Riscar sobre os muros
nossas iniciais.

Brincar com pétalas de margarida
de bem me quer, mal me quer...
namorar feito colegiais...

Ouvir uma canção
e achar que foi feita,
especialmente, pra nós.

Me aninhar no seus braços
quando sentir medo de trovões
ver você rir
dos meus medos absurdos
e me enrolar em teu corpo
fazendo dele um casulo.


(Sirlei L. Passolongo)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Um dia ...



Um dia,

quando a ternura for a única regra da manhã,

acordarei entre os teus braços,

a tua pele será talvez demasiado bela e a

luz compreenderá a impossível compreensão do amor.

Um dia,

quando a chuva secar na memória,

quando o inverno for tão distante,

quando o frio responder devagar com a voz arrastada de um velho,

estarei contigo e cantarão

pássaros no parapeito da nossa janela,

sim,
cantarão pássaros,

haverá flores,

mas nada disso será culpa minha,

porque eu acordarei nos teus braços

e não direi nem uma palavra,

nem o princípio de uma palavra,

para não estragar a perfeição da felicidade.

(José Luís Peixoto)